Volta e meia, a educação financeira se torna um tema relevante nas discussões da mídia e no meio político. Frequentemente, a principal questão gira em torno da presença ou ausência de disciplinas que abordem esses tópicos no currículo escolar.
Contudo, o impacto da falta de educação financeira na saúde mental das pessoas muitas vezes fica em segundo plano, sendo relegado a um segundo plano nas discussões. Por essa razão, talvez uma melhor nomenclatura para essa discussão devesse ser “maior consciência financeira”.
Os Impactos da Falta de Consciência Financeira
Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgados em janeiro de 2023, revelaram que 77,9% das famílias brasileiras enfrentaram problemas de endividamento em 2022. Essa situação é alarmante e mostra a necessidade de uma educação financeira efetiva.
E por esse motivo, a inclusão de uma disciplina que trabalhe o conhecimento financeiro nas escolas não se trata de “ensinar capitalismo” aos alunos, como afirmam alguns. Ao contrário, essa iniciativa busca fornecer uma base sólida de consciência às crianças e jovens, ajudando-os a entender o sistema financeiro.
O que impacta suas vidas diariamente, independentemente da formação acadêmica ou profissão que venham a escolher.
Diversos estudos evidenciam que a falta dessa consciência financeira tende a aprofundar a desigualdade social, perpetuando o desconhecimento das regras e dinâmicas desse sistema complexo.
Um exemplo claro é o mau uso do cartão de crédito, frequentemente apontado como o principal vilão do endividamento das famílias no país. E esse problema se agrava ainda mais com o uso inadequado do cheque especial e com as contas básicas, como água, luz e gás.
Essa situação cria um ciclo vicioso.
Falta de consciência financeira leva ao endividamento, o qual gera encargos extras, como juros e multas, que corroem o poder de compra dos salários.
Saúde Mental e Saúde Financeira
O endividamento em massa afeta não apenas a situação econômica de uma pessoa, mas também sua saúde mental. Em 2021, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) conduziu um levantamento sobre os impactos emocionais e físicos que as dívidas provocam na vida de quem se encontra endividado.
A irritabilidade, o estresse e o mau humor são apenas alguns dos efeitos colaterais do endividamento.
E a lista de problemas não para por aí; em casos mais graves, crises de ansiedade e até mesmo depressão fazem parte desse pacote negativo que afeta a saúde de quem enfrenta dívidas.
Muitas empresas já perceberam a importância de priorizar a saúde de seus colaboradores. Após o início da pandemia de Covid-19, essa atenção se intensificou. Hoje em dia, é comum que as empresas ofereçam, em seus pacotes de benefícios, opções que atendam à saúde mental e física de seus colaboradores.
Por outro lado, ainda é raro encontrar algum tipo de auxílio em análise e planejamento financeiro nos pacotes oferecidos pelas empresas.
Assim, fica evidente a conexão entre a saúde dos colaboradores e os resultados que entregam. Priorizar o combate a fatores que impactam a saúde mental e física dos colaboradores, como a falta de consciência financeira, deveria ser uma prioridade nas empresas.
Falta de Consciência Financeira Não é um Problema Individual
Se para uma empresa é fundamental manter uma boa saúde financeira para se destacar e se manter competitiva no mercado, o mesmo se aplica ao indivíduo. As pessoas também precisam estar financeiramente conscientes para conseguirem ter a tranquilidade necessária para se dedicarem às suas tarefas diárias, planejarem uma qualificação profissional e evitarem problemas psicológicos e físicos.
Portanto, mais do que apenas levantar discussões sobre o assunto, é imprescindível colocar esses conceitos em prática. É essencial disseminar a consciência financeira para que mais pessoas possam ser beneficiadas.
Afinal, a falta de conhecimento sobre finanças não é um problema individual de quem sofre com essa situação. Na verdade, esse é um problema que atinge toda a sociedade, impactando diretamente a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
